Três dos quatro tripulantes da missão Ax-1, da Axiom Space, foram recebidos pelos membros da Estação Espacial Internacional (ISS) como “astronautas honorários”, pelo fato de serem pessoas civis sem experiência de voo espacial que ficarão hospedados na estrutura orbital durante oito dias.

O voo chegou à estação no último sábado (9), após deixar a Terra no dia anterior a bordo de uma nave Crew Dragon Endeavour, desenvolvida pela SpaceX. Dos quatro viajantes, apenas o comandante Michael López-Alegria tinha experiência de voo espacial – ele, aposentado da NASA há anos, tornou-se o primeiro ex-astronauta a retornar à ISS.

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“Eu devo dizer que essa é realmente uma experiência única”, disse o comandante durante uma transmissão junto de seus companheiros de viagem e dos membros da Expedição 67 – os atuais ocupantes da ISS. “Eu não sei nem como começar a descrever como foi estar dentro da Crew Dragon pelo último dia e meio, vendo os rostos desse pessoal se iluminarem”.

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O comandante então anunciou o reconhecimento de seus companheiros de tripulação como astronautas honorários: “há uma tradição que diz que, quando você cruza uma determinada fronteira — e essa fronteira é discutível, mas nos EUA, ela fica em uns 80 km —, você se torna um astronauta pela altitude atingida, e foi isso que aconteceu com essas três pessoas, pela primeira vez, ontem [sexta-feira, 8]”, ele comentou, em seguida entregando broches que comprovam a conquista dos viajantes civis.

Quando mencionou o termo “discutível”, López-Alegria se referiu ao limite estabelecido para o que consiste “viajar ao espaço”. Explicando: o consenso internacional afirma que a chamada “Linha de Kármán” – a 100 km acima da superfície da Terra – é a fronteira que separa o nosso planeta do espaço. Entretanto, os EUA têm um limite menor que este, há cerca de 80 km de altitude.

Essa demarcação gera alguns debates sobre alguém ser ou não um astronauta – foi esse o ponto de debate sobre Jeff Bezos, fundador do grupo Amazon e da empresa aeroespacial Blue Origin, ter ou não a honraria oficialmente reconhecida, quando viajou com a Nave New Shepard em julho de 2021.

O broxe da associação internacional de astronautas foi oferecido aos tripulantes da missão Ax-1, como reconhecimento por sua chegada à ISS, entretanto, honraria pode ser questionada no âmbito internacional
O broxe da associação internacional de astronautas foi oferecido aos tripulantes da missão Ax-1, como reconhecimento por sua chegada à ISS, entretanto, honraria pode ser questionada no âmbito internacional (Imagem: International Space Explores Association/Divulgação)

Em outras palavras: é provável que a NASA reconheça os três tripulantes como astronautas – foi a agência americana quem intermediou a operação do voo com a Axiom Space e a SpaceX, dona da Crew Dragon. Se isso será reconhecido internacionalmente, no entanto, é outra história. Uma a ser vista mais para frente.

“Estou empolgado e honrado de estar aqui”, disse Larry Connor, piloto e, agora, o segundo astronauta civil a servir na posição em um voo orbital. “Obrigado à SpaceX pela carona fenomenal. Com o perdão do trocadilho, foi algo de fora desse mundo. Estamos aqui para vivermos essa experiência, mas nós entendemos que existe uma responsabilidade de fazer isso do jeito certo. E é nisso que estamos focados, com o apoio de todo mundo aqui na ISS e no controle na superfície. Então esta será uma semana agitada de pesquisa para nós, e eu sei que o tempo passará bem rápido”.

A tripulação de astronautas honorários da missão Ax-1 conduzirá diversas pesquisas voltadas a vários campos, mas majoritariamente falando, a ideia é atuar em estudos de saúde, graças à parceria da Axiom Space com diversas entidades hospitalares dos EUA. Outra faceta da pesquisa será o estudo de tecnologias para a própria Axiom.

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