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Gigantes como Microsoft e Google investiram pesado ao longo de 2023 na tecnologia mais falada do momento: a inteligência artificial. Como resultado, este ano ficou marcado pelo lançamento de ferramentas poderosas como Copilot e Bard, a dupla que veio como resposta ao popular ChatGPT.

A estratégia das big techs e de várias outras empresas é aproveitar o boom da tecnologia, que começou com o lançamento do chatbot da OpenAI em 2022 e foi o estopim para uma forte concorrência que ganhou o apelido de “corrida das IAs”. Esse é o tema da segunda reportagem da nossa série especial sobre o aniversário do ChatGPT, que completa um ano nesta quinta-feira (30). Você pode ler a primeira matéria clicando aqui.

Leia mais sobre inteligência artificial!

Corrida da IA: o que é?

Em resumo, é basicamente a disputa entre empresas para apresentar ferramentas cada vez mais avançadas alimentadas por IA. Uma tendência que gerou mudança de planos na Meta e até a aquisição de startups especializadas no assunto. 

O Google, por exemplo, não demorou a adicionar a DeepMind ao seu portfólio para trabalhar com mais agilidade e apresentar novos produtos inovadores. Enquanto a Microsoft já iniciou o ano com um grande plano de investimentos na OpenAI para acelerar os avanços em inteligência artificial.

Para sair na frente no segmento, as duas gigantes da tecnologia inclusive já adicionaram IA em diversos produtos.

Guerra da IA: Google x Microsoft
Imagem: kovop/Shutterstock

Microsoft x Google

  • Tomando Microsoft e Google como principais exemplos, podemos apontar que a disputa começou entre os mecanismos de busca. A segunda domina o espaço, enquanto o Bing ainda não conseguiu conquistar terreno.
  • Uma forma de a Microsoft desafiar a posição dominante do Google foi integrar recursos do ChatGPT no seu próprio buscador.
  • A mesma abordagem se repetiu nos navegadores. O Microsoft Edge também recebeu IA para enfrentar o atual líder do mercado, o Google Chrome.
  • As suítes de aplicativos para escritório, Workspace e Microsoft 365, também foram “turbinadas” com inteligência artificial este ano, reforçando que a IA já influencia até nas estratégias de produtos de ambas as companhias.
Grandes empresas estão investindo bilhões de dólares em startups — caso da parceria entre Microsoft e  OpenAI. A ideia é receber como moeda de troca acesso mais rápido a soluções inovadoras de IA. Imagem:gguy/Shutterstock

Quem pode surpreender em 2024?

Até aqui, a promessa do novo Bing com recursos do ChatGPT ainda não foi suficiente para incomodar o Google, que já adicionou IA generativa no seu motor de buscas. Outras empresas também desejam abocanhar uma fatia do setor em 2024.

Para responder à pergunta, o Olhar Digital entrevistou Kenneth Corrêa, professor de MBA da FGV e especialista em inovação, negócios digitais, novas tecnologias, inteligência artificial e metaverso; e Lucas Gilbert, especialista em tecnologia digital formado em Direito pela UFMG e Economia pelo IBMEC.

IBM, Samsung, Apple e Amazon não deram as cartas no mercado. Gostaria de ver uma Siri, um Bixby (Samsung) e uma Alexa que executam tarefas mais complexas.

Não podemos esquecer dos players chineses: Tencent com o WeChat e Baidu (conhecido como “o Google da China”), sendo que o Baidu inclusive já tem o seu “ChatGPT”, o ErnieBot, que tem vantagem na geração de conteúdos em alfabetos de raiz chinesa.

Kenneth Corrêa, professor da FGV e especialistas em IA, ao Olhar Digital

Já Gilbert destaca que a OpenAI, mesmo com a turbulência na liderança, continuará na frente quanto o assunto é IA: “Muitas tecnologias de outras big techs (Amazon e o próprio Google) usam APIs do ChatGPT. Inclusive existem rumores de que a OpenAI está desenvolvendo uma inteligência mais avançada” – já falamos sobre essa especulação aqui.

Outro player que ainda observa esse conflito de longe é a Apple. Por ora, a empresa de Cupertino ainda não revelou exatamente quais serão os seus planos (talvez uma resposta ao ChatGPT com o seu próprio modelo de linguagem? Só o tempo dirá). “Ninguém está falando da Apple quando o assunto é inteligência artificial”, ressalta Gilbert.

A Apple tem o ‘modus operandi’ de entender o que realmente está funcionando para trazer uma experiência de usabilidade, design e desejo muito grande. Quando eles lançarem (uma ferramenta de IA) pode supreender todo mundo e provavelmente será um sucesso

Lucas Gilbert, especialista em tecnologia, ao Olhar Digital

O panorama da corrida da IA

Esses são os players que acredito que tenhamos que acompanhar de perto. E vale notar como cada um tem um ângulo e vantagem competitiva diferente

Kenneth Corrêa, professor da FGV e especialistas em IA

OpenAI: com o ChatGPT e GPT-4, o modelo de linguagem (LLM) mais poderoso, a empresa ainda tem vantagem. Lançado há praticamente um ano, o chatbot registrou 1.7 bilhão de sessões em outubro: “Com um abalo sísmico ainda em andamento com mudanças (e retorno) na liderança, a proposta da OpenAI (que antes era uma Fundação sem fins lucrativos) é se tornar infraestrutura de AI para outras empresas. Algo parecido com o que a Amazon criou com o AWS, mas específico para AI”.
Microsoft: a empresa financia a OpenAI com um aporte de US$ 10 bilhões. Em 2023, integrou IA no Windows e Office. “A empresa tem a liderança do território de clientes corporativos e ferramentas de produtividade (Office) e é a segunda do mercado em cloud (Azure)”.
Google: seu modelo de linguagem PaLM-2 (o “GPT do Google”) pode ser acessado pelo Bard (o “ChatGPT do Google”). O treinamento específico para programação e medicina (diagnóstico) são promissores, bem como a integração de IA no Workspace (o “Office do Google”), afirma Corrêa.
Meta: o LLaMa 2, o LLM da Meta, é disponibilizado em OpenSource (código aberta). “A empresa não lançou um “ChatGPT”, mas anunciou em outubro o lançamento de assistentes para óculos de realidade aumentada, Messenger e WhatsApp, e com vozes de famosos, cada um com sua especialização”.
Anthropic: seu modelo de linguagem é o Claude. Sua grande vantagem competitiva é o tamanho da janela de tokens (200.000), contra 128.000 da OpenAI. A empresa não aceitou proposta de fusão com a dona do ChatGPT, já que é a o segunda maior no nicho de IA generativa.
Amazon: ainda não tem seu próprio modelo de linguagem (então daria para dizer que ficou atrás nessa corrida), mas é a provedora de nuvem para a Anthropic, uma startup fundada por ex-membros da OpenAI, além de ter feito investimentos em empresas menores. “Líder inquestionável no segmento de cloud. A Amazon tem grande potencial de aplicação (em IA) para os 71 milhões de usuários da Alexa”.

OpenAI
Imagem: TY Lim/Shutterstock

A turbulência na OpenAI pode afetar a posição da empresa no mercado?

Kenneth Corrêa destaca que o mercado da IA é novo e extremamento volátil, ou seja, “qualquer demonstração de fraqueza é explorada”. Este foi o caso da saída (e volta) repentina de Sam Altman, o CEO da OpenAI.

Após o anúncio da saída de Altman (e mais da metade do time) da OpenAI, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, anunciou imediatamente que a Microsoft os receberia de braços abertos para um projeto de Pesquisa Avançada em AI.

Se isso se consolida, a OpenAI pararia no tempo, o que seria muito ruim (ou mortal). Como a situação ainda não se estabilizou (embora a OpenAI tenha anunciando a volta de Altman), é difícil fazer previsões certeiras, mas esse Carnaval gerou insegurança nos usuários (finais e corporativos).

Kenneth Corrêa, professor da FGV e especialistas em IA, ao Olhar Digital

Já Lucas Gilbert acredita que a liderança no mercado de IA continuará nas mãos da OpenAI em 2024, mesmo com a confusão recente.

Isso já foi resolvido com o retorno de Sam Altman e as principais ‘peças’ ficaram (na empresa). Agora, inclusive, eles terão mais liberdade ainda para desenvolver. A forma que terminou a turbulência foi positiva para a OpenAI e eles continuarão liderando o mercado em 2024.

Lucas Gilbert, especialista em tecnologia, ao Olhar Digital

Onde entra o Brasil?

Segundo Corrêa, apesar da pesquisa e produção científica em inteligência artificial, ainda não temos nenhum player para concorrer nessa briga de gigantes. Mas o panorama para 2024 é positivo: “Somos ágeis, criativos, e acostumados a adotar novas tecnologias (veja criptomoedas ou o Pix, por exemplo)”, disse.

Nessa briga de gigantes, não temos nenhum player nem de perto para concorrer no mundo de LLMs (na proporção do GPT ou LLaMA). No entanto, ao longo desse ano conduzi treinamentos e workshops sobre GenAI (IA generativa) na Inglaterra, Islândia e Estados Unidos e percebi que o estado atual dos líderes nas maiores empresas nesses países é O MESMO dos líderes nas empresas brasileiras.

Isso me trouxe uma percepção de que o Brasil pode dominar pari passu com o restante do mundo o uso dos LLMs (grandes modelos de linguagem), e também de outras ferramentas de IA, sendo ágeis e competitivos na adoção dessa ferramenta para empresas, ou seja, gerando valor não na grande briga dos LLMs, mas no ganho de produtividade.

Kenneth Corrêa, professor da FGV e especialistas em IA, ao Olhar Digital

O Brasil será um grande consumidor de inteligência artificial. É um país muito grande e as pessoas estão conectadas. Esse processo vai acontecer (seja mais rápido ou lento). Somos a população que mais passa tempo online no mundo, então provavelmente muitos testes de empresa (de IA) ainda serão realizados aqui.

A IA vai evoluir cada vez mais e principalmente entre as empresas como forma de entregar um produto melhor para o consumidor. Vários setores serão beneficiados, como o Agro e o setor bancário, que já têm muita inovação e provavelmente trará alguma coisa de inteligência artificial também.

Lucas Gilbert, especialista em tecnologia, ao Olhar Digital

Conclusão

Ao que tudo indica, a integração da IA ​​nos principais produtos e serviços é uma tendência que veio para ficar, assim como a batalha pela liderança no setor de inteligência artificial. Mas não são apenas os gigantes que terão destaque. O papel de colaboração com startups continuará sendo relevante para a inovação.

Em resumo, estamos acompanhando de perto o surgimento de uma nova era em que a IA influenciará cada vez mais até no nosso cotidiano. Seja em motores de busca, navegadores ou aplicativos, a tecnologia promete melhorar como interagimos e trabalhamos. O próximo ano ​​trará, sem dúvida, mais uma série de surpresas.

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