A Nasa anunciou recentemente a seleção de sete projetos de pesquisa com abordagens “incomuns” relacionadas à viagem, compreensão e exploração do espaço. Juntos, eles receberão um total de US$ 5 milhões.

As propostas foram selecionadas após um processo interno de “revisão por pares”, onde outros membros do corpo técnico da agência avaliaram sua inovação e viabilidade técnica.

Todos ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento, com a maioria exigindo uma década ou mais de “maturação” da tecnologia, e nenhum é considerado uma missão oficial da Nasa.

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Entre os estudos está uma proposta de uma missão de detecção de neutrinos que receberá US$ 2 milhões do programa NIAC (Nasa Innovative Advanced Concepts, Conceitos avançados e inovadores da Nasa) para amadurecer a tecnologia relacionada ao longo de dois anos.

Os neutrinos são uma das partículas mais abundantes no universo, mas são difíceis de estudar, pois raramente interagem com a matéria. Portanto, detectores grandes e sensíveis baseados na Terra são os mais adequados para detectá-los. Nikolas Solomey, da Wichita State University, no Kansas, propõe algo diferente: um detector de neutrinos baseado no espaço.

Parte do Baikal-GVD, detector de neutrinos instalado nas profundezas do lago Baikal, na Rússia. Imagem: Baikal-GVD Research

“Os neutrinos são uma ferramenta para ‘ver’ dentro das estrelas, e um detector baseado no espaço pode oferecer uma nova janela para a estrutura do nosso Sol e até mesmo da nossa galáxia”, disse Jason Derleth, executivo do programa NIAC. “Um detector orbitando perto do Sol pode revelar a forma e o tamanho da fornalha no núcleo solar. Ou detectar neutrinos de estrelas no centro de nossa galáxia”.

Esta proposta está no que a Nasa chama de “Fase III”. Anteriormente Solomey mostrou que a tecnologia poderia funcionar no espaço, explorou diferentes caminhos de voo para a missão e desenvolveu um protótipo inicial de seu detector. Com o novo financiamento, Solomey irá preparar um detector pronto para voo que poderá ser testado em um CubeSat.

Propostas incluem a Lua, Vênus, Plutão e mais além

Além de Solomey, seis outras propostas irão receber US$ 500 mil cada. Jeffrey Balcerski, do Instituto Aeroespacial de Ohio em Cleveland continuará a trabalhar em sua proposta de um “enxame” de pequenas espaçonaves para estudar a atmosfera de Vênus.

Saptarshi Bandyopadhyay, um tecnólogo de robótica do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no sul da Califórnia, continuará as pesquisas sobre a construção de um radiotelescópio dentro de uma cratera do outro lado da Lua.

Ilustração que acompanha a proposta do LCRT, "Lunar Crater Radio Telescope", em uma cratera na Lua
Ilustração do LCRT, “Lunar Crater Radio Telescope”, em uma cratera na Lua

Ele pretende projetar uma malha metálica que pequenos robôs escaladores possam instalar para formar um grande refletor parabólico. O estudo da Fase II também se concentrará no refinamento das capacidades do telescópio e em várias abordagens para a missão.

Kerry Nock, da Global Aerospace Corporation em Irwindale, Califórnia, desenvolverá uma maneira possível de pousar em Plutão e em outros corpos celestes com atmosferas de baixa pressão. O conceito se baseia em um desacelerador grande e leve que infla à medida que se aproxima da superfície. Nock tratará da viabilidade da tecnologia, incluindo os componentes mais arriscados, e estabelecerá sua maturidade geral.

Artur Davoyan, professor assistente da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, avançará as velas solares CubeSat para explorar o sistema solar e o espaço interestelar. Davoyan irá fabricar e testar materiais ultraleves para velas, capazes de resistir a temperaturas extremas, examinar métodos estruturalmente sólidos para apoiar a vela e investigar dois conceitos de missão.

Fungos poderão ser usados como “tijolos” para construção rápida de estruturas no espaço.

Lynn Rothschild, uma cientista do Centro de Pesquisa Ames da NASA no Vale do Silício da Califórnia, vai estudar mais maneiras de fazer crescer estruturas, talvez para habitats espaciais futuros, a partir de fungos. Esta fase de pesquisa terá como base as técnicas anteriores de produção, fabricação e teste de micélios.

Rothschild, junto com uma equipe internacional, testará diferentes fungos, condições de crescimento e tamanho de poro em pequenos protótipos em condições ambientais relevantes para a Lua e Marte. A pesquisa também avaliará as aplicações terrestres, incluindo placas biodegradáveis ​​e estruturas de construção rápida e baixo custo.

Peter Gural da Trans Astronautica Corporation em Lakeview Terrace, Califórnia, pesquisará um conceito de missão para encontrar pequenos asteróides mais rápido do que os métodos de pesquisa atuais. Uma constelação de três espaçonaves usaria centenas de pequenos telescópios e processamento de imagens a bordo para conduzir uma busca coordenada por esses objetos. A Fase II visa amadurecer e provar a tecnologia de filtro proposta.

“A criatividade é a chave para a exploração espacial no futuro e a promoção de ideias revolucionárias que hoje podem parecer estranhas nos preparará para novas missões e novas abordagens de exploração nas próximas décadas”, disse Jim Reuter, administrador associado da Diretoria de Missão de Tecnologia Espacial (STMD) da NASA.

Fonte: Nasa