A Novavax anunciou nesta sexta-feira (7) um acordo de compra antecipada (APA) com a Gavi Vaccine Alliance (Aliança das Vacinas, em tradução livre) para o fornecimento do seu imunizante contra a covid-19 para o COVAX Facility. A Gavi é uma parceria público-privada formada pela união de governos de vários países com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Banco Mundial, a Fundação Bill & Melinda Gates e outros doadores.

Serão produzidas e distribuídas 350 milhões de doses da fórmula NOX-CoV2373 aos países participantes do programa da OMS, conforme o acordo. Ainda segundo o contrato, caberá ao Serum Institute of India fabricar e entregar o saldo de 1,1 bilhão de doses da vacina da Novavax.

Serão produzidas e distribuídas 350 milhões de doses da fórmula da Novavax aos países participantes do COVAX Facility. / Imagem: Rafapress – Shutterstock

“Esta é uma oportunidade extraordinária de fazer parceria com organizações globais focadas em acelerar o acesso equitativo a vacinas contra a covid-19 seguras e eficazes, particularmente em países onde as taxas de vacinação estão atualmente baixas”, disse Stanley C. Erck, presidente e CEO da Novavax.

Segundo Erck, “este convênio é o ápice de uma colaboração entre a Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI), Gavi, Serum Institute e Novavax, que estão fazendo parceria em nossa missão urgente de disponibilizar quantidades significativas de vacinas a todos os países, independentemente do nível de renda”. 

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Stanley C. Erck, presidente e CEO da Novavax. / Imagem Divulgação/Novavax

Conforme o combinado no APA, a Novavax espera entregar doses com antígeno e adjuvante fabricados em instalações diretamente financiadas pelos investimentos que o laboratório recebeu da CEPI.

No último trimestre de 2020, a CEPI investiu quase US$ 400 milhões na Novavax para promover o desenvolvimento pré-clínico e clínico precoce, aumento da escala de fabricação, transferência de tecnologia e reserva de capacidade de fabricação para a NVX-CoV2373.

“O acordo de hoje com a Novavax marca um passo importante em direção ao objetivo da COVAX de construir o maior e mais diversificado portfólio mundial de vacinas contra a covid-19, e um passo importante em direção ao nosso objetivo de oferecer 2 bilhões de doses de vacinas seguras e eficazes em 2021”, declarou o CEO da Gavi, Seth Berkley.

Gavi é uma organização internacional criada em 2000 para melhorar o acesso a vacinas novas e subutilizadas para crianças que vivem nos países mais pobres do mundo e, hoje, faz parte do esforço mundial pela imunização contra a covid-19. / Imagem: Roger Brown Photography – Shutterstock

Segundo Berkley, “o compromisso da Novavax, não apenas de apoiar a COVAX diretamente, mas também por meio da transferência de tecnologia de outros fabricantes, acende uma luz sobre a natureza de ponta a ponta da COVAX e o tipo de colaboração necessária para controlar essa pandemia”.

Juntos, a Novavax e o Instituto Serum esperam iniciar a entrega das mais de 1 bilhão de doses cumulativas a partir de setembro deste ano, enquanto aguardam receber as devidas autorizações regulatórias. 

Pelos termos do APA, a Novavax receberá um pagamento antecipado da Gavi em maio e um pagamento adicional depois de obter a Lista de Uso de Emergência para sua vacina pela OMS. Além disso, a farmacêutica concordou em fornecer doses adicionais, caso o Serum Institute não possa entregar materialmente as doses esperadas para o COVAX Facility.

“O suporte inicial da CEPI serviu como uma catapulta para a Novavax criar uma rede global de fornecimento que esperamos poder oferecer uma porcentagem significativa do fornecimento de vacinas do mundo por meio da COVAX”, explicou Erck. “Esperamos a colaboração contínua com o Serum Institute para cumprir nossa capacidade de fabricação e trabalhar com a OMS para garantir a autorização para a NVX-CoV2373 o mais rápido possível.”

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Saiba mais sobre a vacina da Novavax

Conforme o Olhar Digital já detalhou anteriormente, a tecnologia empregada na NVX-CoV2373 é diferente das utilizadas nas vacinas que já chegaram ao mercado, que usam vírus inativado (CoronaVac, Sinopharm), vetor viral (Oxford, Sputnik V) ou RNA mensageiro (Pfizer, Moderna).

Diferentemente dos imunizantes que aproveitam sequências de DNA ou RNA mensageiro para estimular o organismo humano a produzir a proteína spike — que o novo coronavírus usa para invadir as células humanas —, a Novavax utiliza réplicas inofensivas dessa proteína (que não causam covid-19 nem se replicam no organismo) cultivadas em laboratório e injetadas em células de insetos.

Depois, o material é agrupado em nanopartículas que compõem a vacina que será aplicada nos pacientes. A NVX-CoV2373 é chamada de vacina de nanopartícula recombinante. Em termos de logística, ela tem a vantagem de poder ser armazenada em geladeira comum, em temperatura de 2°C a 8°C, o que, no Brasil, permite ampla distribuição com a infraestrutura já existente.

Eficácia de 100% contra a forma mais grave da doença

O imunizante da Novavax está sendo avaliado em dois estudos pivotais de fase 3: um no Reino Unido, que demonstrou 100% de proteção contra doenças graves, eficácia de 96,4% contra a cepa original do vírus e 89,7% no geral; e o estudo PREVENT-19, nos EUA e no México, que começou em dezembro de 2020. 

Também está sendo testado em duas pesquisas de fase 2 em andamento, que começaram em agosto do ano passado: um estudo de fase 2b na África do Sul, que demonstrou 100% de proteção contra doenças graves e 48,6% de eficácia contra uma variante de fuga recém-emergida, e uma continuação de fase 1/2 nos EUA e Austrália.

Fonte: Vida Moderna