Na última segunda-feira (15), conforme o Olhar Digital noticiou, o controle da missão da Estação Espacial Internacional (ISS) orientou aos sete tripulantes a bordo que procurassem abrigo nas naves de retorno em razão de uma nuvem de lixo espacial que ameaçava colidir com o laboratório orbital. Horas depois, a Nasa se manifestou, responsabilizando um teste antissatélite da Rússia pelos detritos.

Rússia lançou míssil antissatélite ao espaço que criou uma nuvem de cerca de 1,5 mil fragmentos, que teriam ameaçado a segurança da tripulação a bordo da ISS. (imagem meramente ilustrativa). Imagem: edobric/Shutterstock

Segundo a Nasa, o teste criou uma nuvem de, pelo menos, 1,5 mil fragmentos viajando a 28 mil km/h, que cruzaram o caminho da ISS várias vezes, enquanto os astronautas a bordo eram alertados para ficarem em segurança em meio a temores de que o laboratório orbital fosse atingido.

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Agora, foi divulgado o áudio do momento dramático, obtido pelo jornal inglês Daily Mail. Na gravação, é possível ouvir uma voz acordando Mark Vande Hei, astronauta da Nasa e engenheiro de voo da ISS, informando a ele que a tripulação precisava se proteger de um “rompimento de satélite”. 

“’Precisamos que vocês comecem a revisar o manual de segurança”, diz o controle de solo, antes de orientá-lo sobre os procedimentos que ele precisaria executar. “É 9 decimal 21. Estamos planejando realizar até o bloco 8, que incluirá o fechamento das escotilhas radiais. O horário de preocupação é às 6h”.

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Vande Hei e seus companheiros acabaram se acomodando nas naves de retorno por duas horas, enquanto a ISS passava duas vezes pelo campo de destroços, até que a Nasa considerasse que já fosse seguro o suficiente para sair. 

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Em um segundo trecho de áudio, o controle de solo pode ser ouvido conversando com o comandante da Crew-3, Raja Chari, depois dos astronautas missão já estarem abrigados na cápsula SpaceX Crew Dragon Endurance.

Após uma breve orientação sobre vestir trajes espaciais, eles são informados que “um ataque ao Dragon seria menor do que o resto da ISS”.

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Tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS): Anton Shkaplerov, Tom Marshburn, Kayla Barron, Raja Chari, Matthias Maurer, Mark Vande Hei e (sentado) Pyotr Dubrov. Imagem: Divulgação NASA

Chari pergunta se a SpaceX está no controle, ao que é prontamente respondido que sim. Em seguida, Chari é informado de que, se a cápsula fosse atingida por destroços, ele e sua tripulação seriam enviados de volta à ISS para aguardar novas instruções. 

“Queremos apenas reiterar que achamos que é uma pequena probabilidade de o Dragon obter um impacto”, acrescenta o controle de solo. “Cópia, obrigado”, responde o astronauta.

Esse áudio lança uma luz dramática – e quase cinematográfica – sobre o ato mais recente da Rússia que deixou a tripulação da ISS em situação de perigo. Neste ano, naves espaciais do país já haviam deixado o laboratório orbital fora de controle não uma, mas duas vezes.

Será que agora, com o teste “imprudente” (nas palavras do porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price) de mísseis antissatélite quase fazendo com que os astronautas – e cosmonautas – abandonassem a ISS, grandes consequências podem ser esperadas para a já tensa relação entre os adversários geopolíticos?

Aparentemente, não. De acordo com um tweet de Dmitry Rogozin, chefe administrativo da Roscosmos, agência espacial russa, ele já conversou com Bill Nelson, administrador da Nasa, por telefone. “Tive uma conversa detalhada com o chefe da administração da Nasa, o senador Nelson. As partes declararam [que está] tudo bem. Resumindo, estamos avançando, garantindo a segurança das nossas tripulações na ISS, fazendo planos conjuntos”.

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