No último dia 14, um grande bólido iluminou o céu do Triângulo Mineiro e se tornou um dos assuntos mais comentados do final de semana. Não demorou muito e surgiu um cidadão alegando ter encontrado uma rocha, ou meteorito, gerado por aquele bólido. 

Suposto meteorito encontrado em Minas. Imagem: Reprodução / Twitter

Muito espirituoso, o rapaz exibia o suposto meteorito nas redes sociais, inclusive expondo o momento em que dava um banho na rocha com água e detergente. Aquilo causou arrepios em muita gente, mas não em quem conhece um pouco sobre o assunto e percebeu rapidamente que aquela rocha não vinha do espaço. Sabe porquê?

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Neste texto, vamos apresentar algumas dicas de como identificar um meteorito e o que fazer, caso encontre um desses visitantes do espaço.

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Meteoritos enfrentam uma jornada escaldante

Primeiramente, para identificar um meteorito, você precisa imaginar o que aconteceria com uma rocha se ela fosse submetida a jatos de plasma superaquecidos a dezenas de milhares de quilômetros por hora. Porque é exatamente isso que acontece quando uma rocha espacial atravessa nossa atmosfera.

Nesse processo, chamado ablação atmosférica, a alta velocidade da rocha comprime, aquece e ioniza os gases atmosféricos, gerando o plasma aquecido a temperaturas que chegam a 10 mil graus. Esse plasma vai vaporizar, de fora para dentro, grande parte da rocha.

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Dessa forma, o pouco que sobrar vai apresentar uma crosta escura, bem fina (menos de 1 mm) e com aspecto de queimado, a chamada crosta de fusão. Ela geralmente é uma superfície suave, já que as partes mais proeminentes da rocha são arrancadas e suavizadas pela ablação. Por isso que meteoritos não tem o formato de “cocô” visto na imagem da suposta rocha mineira.

Rocha em formato de “cocô” encontrada em Minas que, com certeza, não é um meteorito. Provavelmente se trata de escória, um resíduo de processos industriais de fundição do ferro. Imagem: Reprodução / Twitter

Mas eles podem apresentar pequenas depressões na superfície, chamadas remaglitos. São como se fossem marcas de dedos, e são mais profundas nos meteoritos metálicos. 

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Remaglitos no meteorito de Santa Filomena. Imagem: Michael Farmer

E por falar em metais, 95% dos meteoritos tem alguma atração por imãs. Isso porque, a maioria deles tem uma pequena quantidade de ferro e níquel em sua composição. Uma exceção são os metálicos, que são, basicamente, feitos apenas de ferro e níquel.

Já o interior de um meteorito pode variar bastante, mas a maioria deles, os rochosos, tem o interior claro e com muitos côndrulos, pequenas esferas de material. O interior de um meteorito ferroso, que pode ser observado passando uma lixa em uma pontinha dele, deve parecer com aço. 

Detalhe da crosta de fusão e do interior do Meteorito Porangaba. Imagem: Renato Poltronieri / BRAMON

Ainda tem um tanto de outros meteoritos mais raros que podem apresentar algumas características diferentes destas. Mas se você souber identificar a crosta de fusão, os remaglitos, a atração por imãs e o interior da rocha, vai poder identificar a maioria dos meteoritos. E o que fazer caso acredite que tenha encontrado uma dessas rochas espaciais?

Primeiramente, não precisa ter medo de manuseá-las. Elas não são radioativas nem tóxicas. Meteoritos são inofensivos. Já os cientistas podem ter reações imprevisíveis se pegarem você lavando um meteorito com água e detergente. 

Então, nunca lave um meteorito. Nem faça chá com ele, porque os meteoritos não têm propriedades curativas. Também não transmitem doenças e nem dão azar. Mas, um meteorito costuma trazer muita sorte para quem encontra e trata ele muito bem. 

Em 2021, moradores de Punggur, na Indonésia, mergulharam um meteorito em um aquário e estavam servindo sua água como elixir curativo. Imagem: Reprodução / infolampungterkini

E tratar bem um meteorito é mantê-lo longe da água e da umidade. Você pode guardá-lo dentro de um pote ou de um saco plástico, mantendo-o em um lugar fresco e arejado. Tire muitas fotos dele, com boa iluminação, mas sem flash. Envie essas fotos para um especialista analisar, juntamente com as coordenadas do local onde encontrou a rocha.

Local onde foi encontrado o primeiro fragmento do meteorito Porangaba em 2015. Imagem: Renato Poltronieri / BRAMON

Aqui no Brasil, a BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros, costuma receber essas fotos, e tem vários especialistas que podem analisá-las e lhe orientar como proceder, caso confirme a origem espacial da sua rocha. O importante é saber identificar e tratar bem o seu alienígena!

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