No início das próximas noites poderemos observar os planetas Vênus e Marte muito próximos no céu, fenômeno conhecido como uma conjunção. Nesta segunda-feira (12) o Sol se põe às 17h36 em São Paulo, e às 18h já podemos observar Vênus, bem brilhante, na direção do oeste ou poente.
Depois, à medida que o céu for escurecendo, poderemos observar Marte pouco acima e à esquerda de Vênus. Mais acima, entre os planetas e a Lua, teremos a estrela Régulus. Para observar estes astros procure locais altos, se possível, e sem poluição luminosa. E é importante ser rápido, pois os planetas se põem por volta das 19h40.
No início da noite de terça-feira (13), Vênus e Marte estarão mais próximos no céu. A Lua estará mais alta, acima de Régulus. Acompanhando o movimento dos planetas nas noites seguintes, pode-se notar no início da noite de 22 de julho Vênus e, dia 29, Marte à direita de Régulus.

As conjunções observadas entre planetas, Lua e estrelas são ótimas oportunidades para entendermos seus movimentos, brilhos, tamanhos e distâncias. A conjunção não significa que Vênus e Marte estejam fisicamente mais próximos entre si, mas é como vemos daqui da Terra, se notarmos pelas posições nas suas órbitas.
Vênus é muito brilhante e conhecido como estrela vespertina ou estrela matutina. Tem o tamanho quase igual ao da Terra e está “próximo” daqui, a cerca de 215 milhões de quilômetros.
Já Marte, chamado planeta vermelho, tem quase a metade do diâmetro da Terra e está a cerca de 372 milhões de quilômetros. Observando com um pequeno telescópio, podemos notar que a imagem de Vênus está três vezes maior que Marte.

Importante notar que Régulus, a estrela Alfa da constelação do Leão, vista com uma coloração branco-azulada, é um sistema quadruplo de estrelas. A maior delas cerca de quatro vezes maior que o Sol em diâmetro e a 77 anos-luz de distância.
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Outros astros visíveis
A partir das 21h também podem ser observados Júpiter e Saturno, inicialmente diretamente sobre o nascente (leste) e tomando altura ao longo da noite. No dia 24 teremos a conjunção da Lua e Saturno, e em 26 de julho entre a Lua e Júpiter. Observando um pouco mais o céu poderão ser vistas as constelações do Cruzeiro do Sul, Escorpião e muitas outras.

A constelação do Leão é facilmente identificada e mapas celestes são disponíveis em softwares gratuitos como o Stellarium, o site Heavens Above, ou o aplicativo Sky Map.
A observação dos astros pode incentivar estudos junto a professores, estudantes e interessados. Particularmente para as crianças, a experiência sensorial é fundamental para entender a natureza
Os planetas na mitologia e na cultura
Mitologia e arte incentivam a educação e a cultura, e os astros são parte importante nisso. Sobre a constelação do Leão, lendas contam que o animal, caído da Lua, foi para o vale de Nemeia e estava devorando seus habitantes e viajantes. Ninguém conseguia matá-lo, pois tinha uma pele impenetrável. Então o herói Hércules, no primeiro dos seus 12 trabalhos, o estrangulou e matou e depois se vestiu com a pele do leão para se proteger.
Sobre a origem dos nomes dos planetas, Vênus foi associado à deusa do amor e da beleza por ser o mais brilhante de todos e Marte ao deus da guerra pela sua coloração avermelhada.
Vênus e Marte estão juntos em um quadro de Botticelli, em uma escultura de Canova e até com seu filho Cupido nos quadros de Guercino e Veronese. Como exemplos de músicas temos a obra “Os planetas” do compositor inglês Gustav Holst, com 7 movimentos correspondentes a planetas e, entre eles, podemos ouvir Vênus e Marte. Como outros exemplos, temos Venus and Mars, dos Wings com Paul McCartney ou Vênus e Marte, de Erasmo Carlos.

Vale mencionar o livro “Homens são de Marte, mulheres são de Vênus” do psicólogo John Gray que aborda as diferenças de personalidade e relacionamento afetivo de casais. Como uma metáfora, o autor relaciona a masculino pelo desejo de dominação e força e o feminino pela delicadeza e o instinto familiar. E também o filme “Os Homens são de Marte… E é pra lá que eu vou” com a preciosa participação de Paulo Gustavo, Mônica Martelli e outros.
De alguma maneira, é de extrema importância a interdisciplinaridade unindo Ciência e Arte. Além de conhecer a natureza e a formação sobre conteúdos específicos, unir diferentes áreas do conhecimento pode ser muito útil para a educação tendo em vista a diversidade de interesses de cada um de nós.
Texto de autoria do Prof. Paulo Sergio Bretones
Departamento de Metodologia de Ensino/UFSCar