A agência espacial norte-americana (Nasa) anunciou nestsa quinta-feira (2) a alocação de US$ 415 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) a três empresas dos EUA para fomentar o desenvolvimento de estações espaciais comerciais. A expectativa é que elas substituam a atual Estação Espacial Internacional (ISS) ao fim de sua vida útil, no final desta década.

As empresas são a Blue Origin, de Jeff Bezos, que recebeu US$ 130 milhões, a Nanoracks, que levará US$ 160 milhões, e a Northrop Grumman, gigante do setor de defesa dos EUA, que terá à disposição US$ 125,5 milhões. Uma quarta empresa, a Axiom Space, há havia recebido um contrato similar de US$ 140 milhões.

“Estamos estabelecendo parcerias com empresas dos EUA para desenvolver destinos no espaço que as pessoas possam visitar e onde poderão viver e trabalhar, capacitando a Nasa a continuar abrindo um caminho rumo ao espaço em benefício à humanidade, enquanto incentiva a atividade espacial comercial”, disse Bill Nelson, administrador da Nasa.

“Estes contratos nos ajudarão a garantir que os Estados Unidos mantenham uma presença humana contínua” na órbita baixa terrestre, disse Phil McAlister, diretor de voo comercial da Nasa. “Um intervalo seria algo ruim”.

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Os contratos são a primeira em uma abordagem de duas etapas para garantir uma transição ininterrupta de atividades da Estação Espacial Internacional para destinos comerciais. Durante esta primeira fase empresas privadas, coordenadas pela Nasa, irão formular e projetar estações comerciais adequadas às necessidades dos setores governamental e privado. Esta fase deve continuar até 2025.

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Na segunda fase a Nasa irá certificar as estações destas e outras empresas em potencial para uso por seus astronautas e comprar serviços de provedores comerciais, quando disponíveis.

É uma abordagem similar ao Commercial Crew Program: em vez de desenvolver um foguete e espaçonaves para levar astronautas à ISS, a Nasa contratou duas empresas (a SpaceX e a Boeing) para isso, e compra os serviços de lançamento em uma espécie de “Uber espacial”.

Segundo a agência, esta estratégia permitirá que as necessidades do programa espacial do governo dos EUA sejam atendidas com custo mais baixo do que uma solução proprietária. Isso permitirá que a agência concentre seus recursos no programa Artemis de missões à Lua e, eventualmente, Marte, enquanto continua a usar a baixa órbita terrestre como campo de provas e treinamento.

A Nasa estima que suas necessidades futuras incluem acomodações e treinamento para ao menos dois tripulantes, além da capacidade de suportar um laboratório orbital nacional e a execução de aproximadamente 200 investigações científicas por ano em áreas como pesquisa humana, demonstrações tecnológicas e ciência física e biológica.

Conheça as estações espaciais propostas

A proposta da Blue Origin, que está sendo desenvolvida em parceria com a Sierra Space, é a Orbital Reef (Recife Orbital). A estação seria uma espécie de “condomínio corporativo de uso misto” em órbita, fornecendo infraestrutura essencial para suportar todos os tipos de atividade humana, e poderá ser redimensionada para atender a mercados emergentes de acordo com a necessidade.

Já a Nanoracks propõe a Starlab, que tem lançamento previsto para 2027 em um único voo, o que indica que será uma estação monolítica de pequeno porte, como as antigas Salyut soviéticas ou a Skylab dos EUA.

Ela terá área útil de 340 metros cúbicos e capacidade para quatro pessoas, em um habitat inflável conectado a um “anel de atracação” metálico. Além disso, terá um sistema de geração de energia de 60 Kilowatts e um braço robótico para captura e manipulação de carga e equipamentos.

A proposta da Northrop Grumman é a mais similar à atual ISS: uma estação modular baseada nas décadas de experiência acumulada com a participação em projetos comerciais, da Nasa e de agências de defesa. O design reaproveita elementos já testados, como as espaçonaves de carga Cygnus que são constantemente usadas para reabastecer a estação. O projeto contempla usos como ciência, turismo, experimentação industrial e expansão futura da infraestrutura.

A estimativa é que a Estação Espacial Internacional continue em operação até 2030. Atualmente ela é mantida por um consórcio de 14 países, que inclui as as agências espaciais dos EUA (Nasa), Canadá (CSA), Europa (ESA), Rússia (Roscosmos) e Japão (JAXA).

Entretanto, a Rússia vem há algum tempo expressando sua insatisfação com o arranjo atual. O país ameaça deixar o consórcio ao fim do contrato atual, em 2025, e construir sua própria estação espacial.

Outra possibilidade é uma aliança com a China, que atualmente tem três astronautas em órbita trabalhando na construção de sua própria estação espacial, a Tiangong. A previsão é que a construção seja concluída em 2022.

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