Ash Denmead, diretor de engenharia e design da Carbon Revolution, empresa australiana especializada em rodas de fibra de carbono, vê seus produtos como um sério desafio às rodas de liga leve tradicionais. E vai além. Denmead acredita que as rodas de carbono aumentam a eficiência o suficiente para serem essenciais para tudo, desde veículos elétricos a picapes comerciais.
O engenheiro formado pela Deakin University, na Austrália, acredita que o alvorecer da era do carbono pode demorar apenas alguns anos. E muito de suas observações sobre essa chegada foram compartilhadas em um artigo do site The Drive, reforçando a impressão de que as rodas de carbono estão efetivamente ganhando espaço.
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Hoje, a Carbon Revolution fornece as rodas leves usadas em alguns dos veículos rodoviários mais rápidos disponíveis na Ferrari, Porsche, Ford e Chevrolet. Alguns veículos que podemos citar, por exemplo, são o Ford Mustang Shelby GT500 e o Chevy Corvette Z06 2023, testado e muito bem aprovado por Jay Leno, como vimos aqui.
Denmead vê também um grande potencial das rodas de carbono para o mercado de veículos elétricos. E sua empresa tem protótipos de rodas de fibra de carbono em testes para a próxima “grande coisa”: as picapes elétricas.

Menor peso, menor uso de energia
“Você obtém um efeito multiplicador reduzindo a massa em uma roda em comparação com a redução da massa em outras partes do carro”, explicou o engenheiro. “Menos energia para acelerar a roda, menos energia para diminuir a velocidade na frenagem”.
Um menor uso de energia acontece em paralelo a um maior alcance também. A vantagem de peso da fibra de carbono só aumenta com rodas projetadas para otimizar a aerodinâmica dos veículos. Outro ponto destacado pela empresa é a maior liberdade de design em comparação com as rodas tradicionais de alumínio com quase nenhuma compensação de peso.
Segundo explica a Carbon Revolution em outro artigo, as rodas de fibra de carbono são 45% mais leves que uma roda de alumínio equivalente com a mesma resistência, o que significa uma economia de peso significativa. Denmead aponta também para o peso das rodas de metal, especialmente quando são dotadas de grande diâmetro, como as rodas de 24 polegadas escolhidas para a picape elétrica Silverado.
Durabilidade das rodas de carbono
Na parte de durabilidade, Denmead diz que não o preocupa nem um pouco. “Há cerca de 40 mil rodas na América do Norte na estrada, então estamos no ponto em que a tecnologia é comprovada”, acredita.

Nessa linha, temos que as rodas de fibra de carbono da empresa precisam, além de atender aos próprios padrões da Carbon Revolution, passar nos testes de detecção das montadoras. Afinal de contas, são elas que podem perder clientes por quaisquer problemas que possam surgir. “Nossos clientes são muito exigentes nos testes de durabilidade, então projetar uma roda e colocá-la em produção geralmente é um processo de dois a três anos”, explica Denmead.
Além dos testes e simulações de desempenho que a Carbon Revolution realiza, Denmead lembra que cada montadora realiza seus próprios testes em veículos protótipos, antes de chegarem à garagem de um cliente. Diante dessas circunstâncias, o diretor acredita que é possível tornar os carros elétricos mais enxutos e, portanto, mais verdes.
Economia eficiente das rodas de carbono
Entre a economia de peso das rodas de carbono e os designs aerodinâmicos, Denmead diz que ganhos de eficiência de cerca de cinco por cento são possíveis. Para ilustrar, se tivermos um EV com 480 km de alcance, as rodas de carbono permitiriam cerca de 24 km a mais – o veículo teria então por volta de 504 km de autonomia.
Além de uma espécie de economia para o motorista, que poderá andar mais, o entusiasmo com as rodas de carbono quanto à diminuição do preço do produto no mercado se baseia também no maior número de veículos adotando a tecnologia. Denmead acrescenta ainda que o preço das rodas de carbono de reposição acessíveis está em declínio acentuado e elas podem ser viáveis em meados da década de 2020.
Até então, o diretor espera que qualquer apreensão em relação à manutenção de veículos com rodas de fibra de carbono também tenha evaporado. Estamos falando, por exemplo, do borracheiro que tenha muito receio de realizar a troca de pneus de um veículo com essas rodas.

“Não há diferença em trocar uma roda de fibra de carbono e trocar uma roda de alumínio, você usa o mesmo equipamento, há vídeos por aí sobre como fazer”, diz Denmead. “As pessoas têm um pouco de medo de danificar uma roda cara”, completa. Então, à medida que os preços desses itens diminuem, é possível que também diminua o desconforto dos técnicos de pneus sobre essa questão.
As aplicações dessa tecnologia de economia de energia estão prontas para afetar uma infinidade de indústrias, de transporte pessoal a transporte e frotas, reduzindo o consumo de energia e causando um pequeno, mas importante impacto no consumo global de energia na mobilidade. Conforme aponta Denmead, é como aconteceu com a indústria de picapes, que passou das rodas de aço para as rodas de alumínio.
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