Não é só aqui: CEO da Stellantis diz que preço de carros novos está fora de controle

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, disse que os preços dos carros novos está sofrendo aumentos em virtude de muitos problemas globais
Por Ronnie Mancuzo, editado por Acsa Gomes 07/03/2022 14h19, atualizada em 11/03/2022 15h10
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O português Carlos Tavares, CEO da Stellantis, participou de uma pequena reunião virtual com alguns repórteres automotivos e disse que os preços dos carros novos estão fora de controle. Segundo ele, é esperado que os problemas no mercado continuem elevando os custos, devido ao aumento da inflação e outros problemas da cadeia de suprimentos relacionados à pandemia, mas isso não significa que não seja um problema.

Os compradores em todos os mercados de novos modelos deverão sentir o aperto, algo como o que já estava sendo sentido no Brasil, por exemplo, no terceiro trimestre do ano passado. O CEO afirmou que as montadoras precisam prestar muita atenção: “Estou muito preocupado com o efeito da acessibilidade”.

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A guerra na Ucrânia interferindo nos preços

O preço médio de transação de um veículo novo está em torno de US$ 45 mil (quase R$ 227 mil) nos últimos meses. E as pressões por trás dos custos crescentes não estão diminuindo, afirma o executivo.

Os conflitos em andamento na guerra na Ucrânia, inclusive, já estão atrapalhando os problemas da cadeia de suprimentos para as principais montadoras europeias, incluindo Volkswagen e BMW. Os preços das matérias-primas, como aço, alumínio e níquel, também subiram nas últimas semanas.

As montadoras devem encontrar maneiras de cortar custos para que os compradores não sejam sufocados, segundo as impressões do CEO da Stellantis. A empresa é mãe de marcas como Alfa Romeo, Chrysler, Citroën, Dodge, Fiat, Jeep e Peugeot.

De compradores a vendedores

Tavares citou uma variedade de fatores interferindo nos preços dos carros, começando com a escassez contínua de chips semicondutores – que resultou em cortes de produção estendidos em todo o setor. Por sua vez, tais cortes levaram a uma grave escassez de estoque dos revendedores.

O site The Detroit Bureau traz que, de acordo com a JD Power (empresa americana de análise de dados e inteligência), há apenas 1 milhão de veículos nos showrooms, apenas um terço do que é normal nesta época do ano.

O que há muito era um mercado de compradores se transformou em um mercado de vendedores, observou o CEO português. Isso resultou em um declínio acentuado nos incentivos.

Commodities

Com relação ao aumento rápido dos custos das matérias-primas, a guerra na Ucrânia também foi observada como um dos fatores de aumento no preço das commodities em geral. O alumínio saltou de um mínimo de US$ 2.554 por tonelada em novembro para quase US$ 3.500 na semana passada. Traduzindo em nossa moeda: de algo em R$ 12.865 para cerca de R$ 17.630.

Já o níquel, que chegou a US$ 17.750 (aproximadamente R$ 89.408) no final de novembro passado, agora está sendo negociado por até US$ 26.000 a tonelada (cerca de R$ 130.964). O paládio – um elemento crítico em conversores catalíticos – também vem passando por aumentos crescentes desde meados de dezembro. Hoje (7), conforme o site Trading Economics, sua tonelada está na casa dos US$ 3 mil (acima dos R$ 15 mil).

Não repassar os aumentos de preço aos consumidores

Tavares enfatizou que, pelo menos no curto e médio prazo, os preços dos carros elétricos serão maiores que os preços dos modelos a combustão de mesmo nível – algo em linha com o que vimos aqui. Neste cenário, montadoras como a Stellantis terão que encontrar maneiras de cortar custos rapidamente para não repassar esses aumentos aos consumidores.

Como estratégia nesse sentido, a montadora está analisando, entre outras coisas, seu sistema de marketing e distribuição, que representa cerca de 30% do preço de um veículo novo. Um dos desafios será contornar as leis de franquia que variam de estado para estado e de país para país.

Tavares também observou as medidas que a Stellantis está tomando para trabalhar com seus funcionários na Ucrânia. A empresa anunciou a doação de 1 milhão de euros para ajudar a enfrentar a crise de refugiados que a guerra criou. A Stellantis teve que encerrar as operações na Ucrânia e na Rússia, e não está claro quando – ou se – suas fábricas voltarão a funcionar.

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Ronnie Mancuzo
Redator(a)

Ronnie Mancuzo é analista de sistemas com especialização em cybercrime e cybersecurity | prevenção e investigação de crimes digitais. Faz parte do Olhar Digital desde 2020.

Acsa Gomes
Redator(a)

Acsa Gomes é formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela FAPCOM. Chegou ao Olhar Digital em 2020, como estagiária. Atualmente, faz parte do setor de Mídias Sociais.