“Caçadores de iates russos” saboreiam a infelicidade alheia nas redes sociais

Pessoas nas redes sociais estão realizando uma espécie de "caça" a iates russos enquanto comemoram a cada embarcação apreendida
Por Ronnie Mancuzo, editado por André Lucena 11/03/2022 21h10
Iate luxuoso pertencente a russo
Imagem: Reprodução/Autoevolution
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Desde quando começaram as sanções contra a Rússia (e contra pessoas russas) por conta da guerra na Ucrânia, iates russos têm sido apreendidos pelo mundo, e há quem esteja adorando isso. Não é difícil encontrar nas redes sociais quem comemore a cada movimento de retenção de embarcações (e de outros bens) vinculados a figuras importantes do país de Vladimir Putin.

Alex Finley, uma ex-agente da Agência Central de Inteligência americana (CIA), tem observado e feito parte desse fenômeno, que ela considera uma espécie de schadenfreude – obter prazer com os problemas dos outros. Finley é uma das pessoas no Twitter que têm postado nomes, locais, propriedade e o status mais recente de vários iates de donos russos. A rede social é uma das que mais possuem perfis agindo dessa forma.

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Conforme traz um artigo do Washington Post, Finley vê “um pouco de justiça” a cada embarcação dessas sendo apreendida. Muitas informações de “caça” aos iates russos são encontradas na hashtag YachtWatch, que a moça usa de forma frequente no Twitter.

Que delícia de iate apreendido

Esse tipo de atividade, aparentemente, não tem atraído muitos brasileiros (pelo menos enquanto é feita uma busca rápida na hashtag da rede social). De qualquer forma, o que não faltam são tuítes regozijando de prazer a cada ocorrência de apreensão.

Como mostra o post de Rick Wilson, um estrategista político americano com passagem pelo partido Republicano. Quando o iate Dilbar, o maior do mundo, de propriedade do russo Alisher Usmanov ficou parado na Alemanha por causa de documentação, Wilson “se derreteu”.

Rastreando iates russos

Dentre os mecanismos mais usados pelos entusiastas da prática estão sites como VesselFinder e MarineTraffic. Nesses buscadores, é possível digitar o nome de um navio ou identificadores exclusivos, conhecidos como número da Organização Marítima Internacional (IMO) ou Identidade do Serviço Móvel Marítimo (MMSI).

Tanto os iates russos que foram apreendidos quanto os que ainda navegam livremente estão na mira dos “caçadores” – que até fazem uma espécie de bingo, no qual apostam qual embarcação será a próxima vítima de apreensão. Em um post no Twitter, aparece uma ilustração de como poderia ser tal bingo, onde vemos vários iates como, além do Dilbar (na casa B5), o Graceful (na casa N2), de Vladimir Putin (que foi alvo de hackers há pouco mais de uma semana).

https://twitter.com/Poetical20/status/1499185139464605698?s=20&t=y_ii7QTZOc1-zflS9iMXQA

Outro “caçador de iates russos” famoso é Jack Sweeney. Há algumas semanas, mostramos aqui que o jovem tem monitorado o jato de Elon Musk e aeronaves de outras personalidades. Em tempos de apreensão de embarcações russas, Sweeney também criou um bot no Twitter chamado Russian Yachts, onde rastreia iates daqueles que ele chama de “oligarcas russos” e até do presidente Vladimir Putin.

https://twitter.com/RussiaYachts/status/1500909508318617601?s=20&t=Pm0ogYMO1aOUe-6Pis57wg

Já houve várias apreensões de super embarcações registradas e acompanhadas por tais caçadores. Por exemplo, a polícia financeira italiana apreendeu o superiate Lena e outro chamado Lady M, pertencentes respectivamente aos russos Gennady Timchenko e Alexei Mordashov. O VesselFinder mostrou ambos em seus mapas recentemente, atracados em portos na Itália.

Outro caso de apreensão ocorreu no final da semana passada, quando autoridades da França anunciaram o confisco de um superiate de mais de 85 metros de comprimento no valor de US$ 120 milhões (mais de R$ 606 milhões em conversão direta). O proprietário da embarcação Amore Vero seria o russo Igor Sechin, CEO da gigante petrolífera Rosneft.

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Ronnie Mancuzo
Redator(a)

Ronnie Mancuzo é analista de sistemas com especialização em cybercrime e cybersecurity | prevenção e investigação de crimes digitais. Faz parte do Olhar Digital desde 2020.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.